quinta-feira, 19 de abril de 2007

A hora I(nstigator)

Acontecimento:
Há uns dias notíciou-se que numa tourada um rapaz de apenas 14 anos, tería sido colhido por um touro numa arena, salvo erro no México, sobre isto só tenho a dizer que a infelicidade do miúdo certamente se deveu à ignorância de gente bárbara que por puro divertimento gosta de torturar e assassinar animais que sem que sejam provocados, nada de mal fazem seja a quem for. Esperemos que o miúdo recupere, pois tanta sorte não teve certamente o bicho depois do que aconteceu.

Melga da semana:
Uma apresentadora fora de "contacto" com a realidade.

Coisa que irrita mesmo:
Uma nova música de um anúncio na televisão, de um "jumbomercado".

sábado, 14 de abril de 2007

Telejornal: a novela de Portugal

Depois de uma ausência prolongada, resolvi passar por aqui e fazer uma pequena propaganda negativa à telenovela que já estreou há alguns anos em Portugal e que passa diariamente em todas as cadeias televisivas nacionais - e à mesma hora, o que é vantajoso para aqueles que vêem a sua vida arruinada quando são transmitidos dois ou mais programas preferidos em simultâneo e não sabem qual deverão escolher.
A novela em questão dá pelo nome de "Telejornal", costuma ir para o ar por volta da hora do almoço e repete por volta da hora do jantar. Felizmente, não sou dado a telenovelas e por conseguinte, esta é mais uma que evito. Ainda assisti a alguns episódios, tendo inclusivé acompanhado atentamente emissões especiais como a do trágico e inesquecível 11 de Setembro, a queda de Bagdad, o tsunami de 2004, o furacão Katrina e outros eventos catastróficos (porque, infelizmente, as notícias mais importantes deste mundo são quase sempre relativas a catástrofes), mas fui adquirindo um progressivo desinteresse pela "novela" em geral.
Com efeito, o departamento criativo deixou de produzir enredos originais e interessantes, os actores são quase sempre os mesmos e a narrativa segue um padrão sistemático e previsível: geralmente abre com escândalos políticos, corrupção e desvio de verbas em instituições públicas; depois parte para um segmento ridículo em que mais políticos entram em cena, fazendo queixinhas e chamando nomes uns aos outros; em seguida o cenário transforma-se e adquire um aspecto mais mundano, onde se assiste a manifestações, furtos, violência, pedofilia, acidentes rodoviários e operações policiais (durante a época estival, esta parte tende a ser substituída por outra relativa a incêndios e bombeiros revoltados); ocasionalmente, o cenário evolui para uma perspectiva internacional e ainda mais violenta (guerras, atentados, homicídios, sequestros, etc.); e por fim, o programa termina com uma chave-de-ouro chamada "futebol" e que costuma ocupar mais tempo de antena do que os demais segmentos. Uma das cadeias televisivas procura todavia inovar, ao transmitir excertos relativos a escândalos domésticos, celebridades de baixo nível e animais que possuem um dom especial ou que cometeram actos de infâmia, mas acaba por produzir resultados ainda mais caricatos e é relegada para os anais do sensacionalismo...
É por essas e por outras que já não suporto ver o telejornal. Tornou-se um programa insípido e deprimente, repetitivo e foleiro. Prefiro ver "wrestling", que está ao mesmo nível mas tem um aspecto positivo: é que ali sabemos que é tudo a fingir...

quarta-feira, 7 de março de 2007

Aqui há desalento!

Estava eu a fazer um "zapping" no Domingo passado, quando passei pela RTP1 e me deparei com aquilo que parecia ser a final ou semi-final do programa "Aqui Há Talento". Intrigado com a premissa do programa, de que ouvira falar antes, decidi assistir ao mesmo por alguns momentos, a fim de me impressionar com algum artista talentoso.
Eis que, a dada altura, entra um pirralho armado em talentoso e desata a fazer uma série de movimentos sem nexo, a roçar o ridículo, que imediatamente despoletam uma úlcera na minha glândula de bom senso. Ali há talento??
Infelizmente, aquela demonstração foi apenas uma amostra diminuta do terrível vírus que se propaga progressivamente por todo este país - o "Vírus da Bazófia". Afinal de contas, o que são esses estranhos mutantes contaminados pelo dito vírus, que vemos nas ruas e nas escolas em número cada vez maior e que dão pelo nome de "Bazofes"? Vestem-se de uma forma bizarra, utilizando as calças descaídas para varrer o pavimento, empregam um vocabulário ainda mais estranho e apreciam um tipo de cacofonia chamada hip-hop... e é aí que reside o cerne de todo o problema.
Por vezes pergunto às estrelas como é possível algo tão deplorável ser considerado um género musical e cativar milhões de adeptos mundo fora. É certo que há raras, raríssimas excepções de artistas de hip-hop que produzem algo que eu considero "música", mas são apenas 3 ou 4 grãos de areia num deserto imenso de mau gosto.
Se o futuro da indústria musical estiver nas mãos de ex-criminosos que "cantam" em monotom, apelando a valores tão transcendentais como as "bitches", o "bling-bling" e meter balázios nos cornos dos "muthafuckas" que se metem com eles, e produzem "videoclips" grosseiramente dispendiosos onde executam movimentos característicos de um doente de Parkinson e puxam constantemente as calças para não as deixar cair (pois aparentemente não sabem onde fica a cintura nem conhecem o propósito de um cinto), então sinceramente espero ficar surdo bem cedo, a fim de evitar que os meus ouvidos sofram com o som da degradação...

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

Políticos

De acordo com um estudo do Reader's Digest, 97% dos portugueses inquiridos revela uma total desconfiança perante os políticos do seu país.
Posto isto, o único comentário que tenho a fazer a esta "constatação" resume-se a uma infeliz mas apropriada expressão:

"DUH"!

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

Ensino universitário

Em plena época de exames, parece-me assaz apropriado escrever qualquer coisa sobre o fétido sistema de ensino português, nomeadamente o universitário.
Eis os "Top 5" da lista de anomalias do dito sistema de ensino:

1- Avaliação contínua: Afinal de contas, para que é que isto serve, se no fim tudo se resume a uma frequência ou exame que, mediante duas ou três questões formuladas através de um método semelhante ao da lotaria, ditará o destino do aluno? Qual é o sentido de fazer um esforço tremendo para ir assistir diariamente a aulas muitas vezes monótonas e inúteis, quando no fim esse esforço é simplesmente menosprezado em favor de duas ou três respostas escritas numa folha de ponto? Aparentemente nenhum. Mas e daí, são poucas as coisas que fazem sentido neste país...

2- "Palha" a mais: Num mundo em constante mudança e ruptura com o passado, muitas universidades portuguesas insistem em formar os seus alunos com disciplinas fudamentalmente teóricas, filosóficas, ricas em cultura geral, mas absolutamente inúteis para a posteridade. Alguns dirão que os licenciados "sairão da faculdade com um nível cultural superior ao de muitos outros", mas a verdade é que não é a cultura que permite alcançar o salário mínimo - são as competências técnicas adquiridas através de experiências fundadas na prática. Ironicamente, os candidatos com maior probabilidade de obter emprego são aqueles dotados de uma média nem muito alta nem muito baixa (uma média média, por assim dizer), porque no fundo, as entidades empregadoras estão sobretudo interessadas em trabalhadores modestos e "moldáveis" e não em sabichões que não se contentam com um salário inferior a 5000 euros...

3- Flexibilidade e Inovação: Juntemos o tópico anterior à crescente necessidade de formar licenciados flexíveis e inovadores e vejamos o que acontece: uma salganhada autêntica! Como poderá alguém inovar quando passa a licenciatura "agarrado" a matérias do passado? E no entanto, o discurso repetitivo de muitos professores universitários é: "Inovem! Sejam originais e diferentes! Sejam flexíveis!". Mas há uma parte fundamental que é omitida neste discurso: "Como? Isso agora já não sei. Também estou-me nas tintas, já tenho a minha vida feita. Vocês que se amanhem!"

4- Extinção de cursos: Parece estar cada vez mais na moda a extinção de cursos com pouca ou nenhuma saída, em grande parte por motivos financeiros. Aparentemente, os responsáveis pelo financiamento universitário sentem que o dinheiro que empregam em tais cursos é dinheiro mal gasto, podendo quiçá servir propósitos muito melhores, tais como uma casa de férias nas Bahamas. E por conseguinte, nada melhor do que extinguir esses cursos que, a seu ver, para nada servem. Esquecem-se no entanto que há sempre pessoas interessadas em inscrever-se nesses cursos e que apenas não têm saída porque este país não a proporciona, levando-as a tentar a sua sorte no estrangeiro. Que país é aquele que não se compromete a ajudar os seus cidadãos a concretizar os seus sonhos, catalogando-os como dispensáveis ou inúteis para a sociedade? Se a solução mais fácil é extinguir os cursos em vez de promover condições para os futuros licenciados dos mesmos, então qualquer dia restarão apenas dois cursos em Portugal: "Arrumação de Veículos" e "Prostituição".

5- Propinas: Como é tradição deixar o melhor para o fim, aqui vai a bomba-H. Desde que me lembro, as propinas sempre foram alvo de crítica por parte dos estudantes - e com razão! Nestes últimos anos, o valor das propinas (tanto em faculdades privadas como públicas) tem aumentado gradualmente. Consta, no entanto, que o valor das propinas vai estagnar até 2009. Por um lado parece-me improvável, uma vez que muitas faculdades que ainda não adoptaram o valor máximo da propina poderão e irão certamente fazê-lo. Mas o que importa aqui é o suposto motivo para a "estagnação": atrair um maior número de jovens para o ensino universitário. Pode ser só impressão minha, mas não será por causa do valor elevado das propinas que não ingressam mais pessoas na universidade? E se se estagnar esse valor, os resultados não continuarão a ser os mesmos? A lógica não seria então diminuir em vez de estagnar? E depois, para que serve haver mais estudantes universitários, se no fim se queixam de haver cursos a mais e desemprego a mais?
E além disso, que terrível subversão é esta em que alguém tem de pagar pelo seu próprio esforço, não recebendo qualquer tipo de remuneração? Não costuma ser ao contrário? Se a remuneração fosse o conjunto de notas (favoráveis) atribuídas às frequências e exames que os alunos são obrigados a fazer, ainda faria algum sentido - pagam um serviço, em troca as suas necessidades são satisfeitas. Esta lógica aplica-se em todo o lado excepto nas universidades, em que os estudantes pagam (e bem!) um serviço e muitas vezes são pessimamente servidos, obrigados a repetir a dose e a pagá-la. Se estão a pagar pelo seu próprio mérito (visto que o esforço para nada conta) e no fim ainda terão de pagar o diploma, seria apenas justo que lhes fossem atribuídas as notas e os valores que desejassem!

Resumindo, a verdade é esta: o sistema de ensino português é um circo e os estudantes não são mais do que feras amestradas que fazem habilidades para o entretenimento de outrem. E se a caldeirada já é picante como é, imagino como será com molho à bolonhesa...