sábado, 14 de abril de 2007

Telejornal: a novela de Portugal

Depois de uma ausência prolongada, resolvi passar por aqui e fazer uma pequena propaganda negativa à telenovela que já estreou há alguns anos em Portugal e que passa diariamente em todas as cadeias televisivas nacionais - e à mesma hora, o que é vantajoso para aqueles que vêem a sua vida arruinada quando são transmitidos dois ou mais programas preferidos em simultâneo e não sabem qual deverão escolher.
A novela em questão dá pelo nome de "Telejornal", costuma ir para o ar por volta da hora do almoço e repete por volta da hora do jantar. Felizmente, não sou dado a telenovelas e por conseguinte, esta é mais uma que evito. Ainda assisti a alguns episódios, tendo inclusivé acompanhado atentamente emissões especiais como a do trágico e inesquecível 11 de Setembro, a queda de Bagdad, o tsunami de 2004, o furacão Katrina e outros eventos catastróficos (porque, infelizmente, as notícias mais importantes deste mundo são quase sempre relativas a catástrofes), mas fui adquirindo um progressivo desinteresse pela "novela" em geral.
Com efeito, o departamento criativo deixou de produzir enredos originais e interessantes, os actores são quase sempre os mesmos e a narrativa segue um padrão sistemático e previsível: geralmente abre com escândalos políticos, corrupção e desvio de verbas em instituições públicas; depois parte para um segmento ridículo em que mais políticos entram em cena, fazendo queixinhas e chamando nomes uns aos outros; em seguida o cenário transforma-se e adquire um aspecto mais mundano, onde se assiste a manifestações, furtos, violência, pedofilia, acidentes rodoviários e operações policiais (durante a época estival, esta parte tende a ser substituída por outra relativa a incêndios e bombeiros revoltados); ocasionalmente, o cenário evolui para uma perspectiva internacional e ainda mais violenta (guerras, atentados, homicídios, sequestros, etc.); e por fim, o programa termina com uma chave-de-ouro chamada "futebol" e que costuma ocupar mais tempo de antena do que os demais segmentos. Uma das cadeias televisivas procura todavia inovar, ao transmitir excertos relativos a escândalos domésticos, celebridades de baixo nível e animais que possuem um dom especial ou que cometeram actos de infâmia, mas acaba por produzir resultados ainda mais caricatos e é relegada para os anais do sensacionalismo...
É por essas e por outras que já não suporto ver o telejornal. Tornou-se um programa insípido e deprimente, repetitivo e foleiro. Prefiro ver "wrestling", que está ao mesmo nível mas tem um aspecto positivo: é que ali sabemos que é tudo a fingir...

2 comentários:

Anónimo disse...

Ora bem....vamos lá comentar mais um post!
Eu acho que, de certa forma, o Telejornal é um "mal" necessário! É importante que os cidadãos saibam o que aconteceu de importante (ou não) no seu país. É importante saber as novidades politicas, económicas, financeiras! Isto é a liberdade de impressa e expressão que tanta gente lutou para haver. Para muita gente como eu que não compra diariamente o jornal, é uma das formas a que se pode ter acesso para saber o que se passa. O objectivo dos Telejornais é cumprido, que é dar a conhecer aos portugueses as noticias de Portugal e do Mundo. O pior é que as notícias transmitidas não são as melhores...Será culpa dos Telejornais? Não acho. Acho que a culpa é mesmo dos portugueses ou de outros cidadãos que não sabem ser pessoas dignas e respeitáveis, serem uns profissionais transparentes e que só sabem pensar em dinheiro e obter o poder e que para isso utilizam meios muito pouco dignos.
Normalmente janto por volta das 20h, logo durante o jantar assisto aos Telejornais. É muito mau estar a comer e a ouvir em falar em atentados, banhos de sangue, braços decepados, acidentes...mas é a nossa realidade e os Telejornais por muito que queiram não a podem pintar de cor de rosa. Só acho é que podiam dar mais destaque às coisas boas. Ver as coisas pela parte positiva e não negativa!

Anónimo disse...

Considero o da Manuela Moura Guedes especialmente deprimente :)

Raquel